quinta-feira, 10 de junho de 2010

SAMBA CANÇÃO

Samba-canção é um gênero musical originário do samba baseado no Romantismo, também denominado Samba Romântico, influenciado pelas baladas americanas e pelo bolero Mexicano, caracterizando-se como o samba lento e melodioso do Brasil. O samba-canção apresenta marcação forte do samba pelo pandeiro e por boleros e baladas brasileiras, por meio de outros instrumentos rítmicos, inclusive o tambor. Samba-canção surgiu no final da década de 1930 como o gênero das rádios da época, permanecendo na Rádio Gazeta por muito tempo, desde a fundação até a década de 1990, quando o romantismo na música brasileira começou a cair de moda e dar lugar a outros gêneros de samba mais agitantes e descontraídos como o pagode.
Por ser muito romântico, exaltando o tema amor-romance e o sofrimento por um amor frustrado, como ocorre no bolero e na balada, o samba-canção recebeu, em seus estilos de música, a denominação de "fossa (dor-de-cotovelo)". Desta forma, varia do puramente lírico, exaltando o vocabulário bastante culto e muito elaborado nas letras, representado por autores mais recentes; a mais famosa
Ângela Maria, ao trágico, característico de alguns autores como Dolores Duran e Lindomar Castilho. Por esta razão, pode-se dividir o samba-canção em duas gerações de sucesso do estilo.
Primeira geração (1940-1970)
E a geração mais primitiva do samba-canção, em que ele se apresentava como uma mistura entre bolero
lento e samba. Nessa época, o gênero era muito cantado e falado ao mesmo tempo como se fosse as cantigas medievais, que facilmente deixavam de versar sobre o puro lírico para ir ao trágico romance, em que sempre alguém perdia na relação amorosa, mostrando muito sofrimento. Porém, apesar do samba-canção ser um estilo definido, ele foi sofrendo outras influências ao longo do tempo. Na década de 1950 o gênero recebeu a forte influência da balada americana. Mas, uma das maiores contribuições do Samba-canção foi na influência que esta exerceu na origem da Bossa nova---esta também cantada lentamente, romanticamente, num mesmo embalo que iniciou marcando-se popularmente como um "Samba-Bossa" e até, as vezes, exageradamente de interpretação sofrida (alguém que sofria de saudade, por exemplo). Cantores mais populares da Bossa nova, como Dorival Caymmi, Vinícius de Moraes e Antônio Carlos Jobim, exemplificam este lado de transição típica à Bossa nova que originou -se da Primeira geração do Samba-canção quando Caymmi, Moraes ou Jobim falavam durante suas melodramáticas canções com muito romanticismo e ainda dentro de um rítimo que é o da Bossa nova no final da década de 50. Nota-se que em Forma e Estilo as duas músicas são similares.
O primeiro grande sucesso do gênero foi Linda Flor (Ai, Ioiô, de
1938), composta por Vogeler, Luís Peixoto e Marques Porto, gravado por Vicente Celestino e Aracy Cortes.
Nessa época surgiram também outras músicas famosas como Último Desejo, de
Noel Rosa; Eu Sinto Uma Vontade de Chorar, de Donga; Menos Eu, de Roberto Martins e Jorge Faraj.
Assim, os autores expoentes da primeira geração foram:
Cartola, Dolores Duran, Noel Rosa, Lindomar Castilho, Nora Ney, Elizeth Cardoso, Nelson Gonçalves, Maysa Matarazzo e Ângela Maria, que continuou a fazer sucesso durante toda a segunda fase.
Segunda geração (1970-1990)
A segunda geração desviou-se, em alguns aspectos, do que era o Estilo e a Forma da Primeira geração e é marcada pelas músicas românticas modernas, influenciadas pela musicalidade de
teclado eletrônico, que personaliza os sons de balada, samba bem calmo e às vezes bolero lento, também influenciadas pela música sertaneja, a modinha do interior de algumas regiões do país. Assim, tudo se mistura como novas tendências dos anos 70 em que o samba vai perdendo a sua força nas rádios em relação à música eletrônica e dance e ao rock nacional. A única rádio que conseguiu recuperar a cara musical do Brasil e em especial o samba-canção, foi a Gazeta FM. Esta faz, todo mês, um quite de recordações de todas as épocas do gênero e artistas famosos. Uma grande expressão dessa recuperação foi o aparecimento de grupos como o Art Popular, surgido no final dos anos 70, principalmente com o sucesso das músicas "Temporal" e "Dizem que a felicidade" e a cantora Ângela Maria e suas participações especiais em grupos. Surgiu também, como grande expoente do gênero nessa época, o Alexandre Pires, que criou músicas de ouro também em espanhol e mais tarde foi ser membro de um grupo de pagode denominado Só Pra Contrariar, o Araújo de Morais, e o grupo Canções de Amor.
Depois dos anos
1990, o samba-canção sai do sucesso e hoje sofre com as novas tendências e, apesar da qualidade musical ser superior a outros estilos, ele perde para o pagode romântico, que se utiliza de um pouco do gênero para dar tom amoroso e ao mesmo tempo mantém seu tom festivo e apelativo, sem muito compromisso com a elaboração das letras. Assim, mesmo que o tema amor-romance ainda exista, o estilo suave, muito elaborado e melodioso não tem mais espaço na musicalidade brasileira, o que pode extinguir o gênero em pouco tempo.

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